domingo, 31 de janeiro de 2010

Grito

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[Porto, 31 de Janeiro de 2010, FF]

"O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas."

Raúl Brandão in Húmus

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Sorrisos do meu coração

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[Ali para os lados onde o Tejo acaba e o mar começa, 28 de Janeiro de 2009, FF]

Num tempo em que tanto se fala de guerras, catástrofes, tristezas, lágrimas…
Num tempo em que quase não sobra tempo para as relações humanas, para os sorrisos, abraços.
Num tempo em que o visível parece que ser o mais importante.
Num tempo em que tanto se fala de professores, estatutos, carreiras, ministras e afins.
Achei por bem (e também a pedido de várias famílias) partilhar convosco o melhor e o que realmente interessa na minha profissão: Os alunos.

Obrigado por existirem e por fazerem parte do meu metro quadrado.
Gosto muito de vocês, e com o coração todo.
São o meu antídoto :)

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Abandono

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[Algures no Alentejo, FF]

"Penso, muitas vezes,

que não são os pensamentos que são demasiado profundos para as lágrimas,

mas as lágrimas que são demasiado profundas para o pensamento."

domingo, 24 de janeiro de 2010

Quási

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[Figueira da Foz, 24 de Janeiro de 2009, FF]

"(...) Que se passou portanto? Chegámos ao sentimento do não valor da existência quando compreendemos que ela não pode interpretar-se, no seu conjunto, nem com a ajuda do conceito de fim, nem com a do conceito de unidade, nem com a do conceito de verdade. Não chegamos a nada, não logramos coisa nenhuma dessa espécie; a unidade global não aparece na pluralidade do devir: o carácter da existência não é o de ser verdadeira, mas o de ser falsa (...) não há razão alguma para nos persuadirmos de que existe um mundo verdadeiro. (...) Em suma, as categorias de fim, de unidade, de ser, graças às quais demos um valor ao mundo, retiramos-lhas e o mundo parece ter perdido todo o valor."

Friedrich Nietzsche

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Toca n(o) [sino]

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[Sintra, Janeiro de 2010, FF]

Gosto de árvores. E dos ramos. Que parecem veias. A perfurar o AR.

Rompe o organismo. O universo.

E ficamos assim. Asmáticos de sentires.

Ás vezes as folhas caem no Verão. E ficam amarelas na Primavera.

E ás vezes [mas, só ás vezes] ficam assim... desprotegidas. Nuas.

Há Vento.

Paradoxos.

É o que é.

...

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Daqui sinto a Oriente...

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[Cabo da Roca, Janeiro de 2010, FF]

"Linguagem mais eloquente que o amor é o silêncio "
Iginio Tarchetti

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

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[Serra de Montejunto, FF]

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sementes [Alimentos] de Destino[s]

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[Ali para os lados de Viseu, FF]

"O melhor destino é aquele que nos faz sentir em casa"

Rui Zink

domingo, 17 de janeiro de 2010

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[Praia de Paço d'arcos, Janeiro de 2010, FF]

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

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[Agora aqui ao meu lado, 14 de Janeiro de 2010, FF]

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O laço da ficção

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[Évora - Não sei o nome da Igreja, FF]

"A arte é, provavelmente, uma experiência inútil; como a «paixão inútil» em que cristaliza o homem. Mas inútil apenas como tragédia de que a humanidade beneficie; porque a arte é a menos trágica das ocupações, porque isso não envolve uma moral objectiva. Mas se todos os artistas da terra parassem durante umas horas, deixassem de produzir uma ideia, um quadro, uma nota de música, fazia-se um deserto extraordinário. Acreditem que os teares paravam, também, e as fábricas; as gares ficavam estranhamente vazias, as mulheres emudeciam. A arte é, no entanto, uma coisa explosiva. Houve, e há decerto em qualquer lugar da terra, pessoas que se dedicam à experiência inútil que é a arte, pessoas como Virgílio, por exemplo, e que sabem que o seu silêncio pode ser mortal. Se os poetas se calassem subitamente e só ficasse no ar o ruído dos motores, porque até o vento se calava no fundo dos vales, penso que até as guerras se iam extinguindo, sem derrota e sem vitória, com a mansidão das coisas estéreis. O laço da ficção, que gera a expectativa, é mais forte do que todas as realidades acumuláveis. Se ele se quebra, o equilíbrio entre os seres sofre grave prejuízo."

Agustina Bessa-Luís, in 'Dicionário Imperfeito'

domingo, 10 de janeiro de 2010

Desistir

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[Lisboa, FF]

"O futuro deve ser de tal maneira que nenhuma criança ao nascer se sinta torpedeada pela vida de maneira que julga que tem que desistir de ser para existir apenas como aquilo que a vida obriga a ser ." Agostinho Silva

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

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[Torres Vedras, FF]



"Todos os testemunhos de coragem impressionam justamente por mostrarem que não se trata de uma ausência de medo mas de uma capacidade de agir perante as dificuldades. Quem é mais corajoso? O que escala sozinho o Everest, o que se atira de um avião em queda livre ou aquele que fala verdade? A coragem autêntica pressupõe sempre a superação de medos e uma vontade lúcida de vencer obstáculos. Aliás quem descarta os medos não é corajoso, é inconsciente. Há muita coragem em quem aposta em ser consequente e viver uma vida coerente, assim como é corajoso o que fisicamente se transcende ou aquele que, no dia-a-dia, segue em frente apesar das tentações de desânimo."

Laurinda Alves in Jornal Público

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

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[Serra de Montejunto, FF]

"Não vás para tão longe!
Vem sentar-te
Aqui na chaise-longue, ao pé de mim...
Tenho o desejo doido de contar-te
Estas saudades que não tinham fim.

Não vás para tão longe;
Quero ver
Se ainda sabes olhar-me como d'antes,
E se nas tuas mãos acariciantes,
Inda existe o perfume de que eu gosto.

Não vás para tão longe!
Tenho medo
Do silêncio pesado d'esta sala...
Como soluça o vento no arvoredo!
E a tua voz, amor, como se cala!

Não vás para tão longe!
Antigamente,
Era sempre demais o curto espaço
Que havia entre nós dois...
Agora, um embaraço,
Hesitas e depois,
Com um gesto de tédio e de cansaço,
Achas inconveniente
O meu abraço.

Não vás para tão longe!
Fica. Inda é tão cedo!
O vento continua a fustigar
Os ramos sofredores do arvoredo,
E eu ponho-me a pensar
E tenho medo!

Não vás para tão longe!
Na sombra impenetrada,
Como se agita e se debate o vento!...
Paira nas velhas ruínas do convento

Que além se avista,
A alma melancólica d'um monge
Que a vida arremessou àquela crista...

Céu apagado, negro, pessimista,
E tu sempre mais longe!... "

Fernanda de Castro, in "Antemanhã"