quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Med[ida]

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[Paço de Arcos, Novembro de 2009, FF]

"A ideia de que existem pesos e medidas diferentes para avaliar as mesmas coisas está arreigada entre nós e popularmente consagrada. Suspeitamos por hábito, tradição, experiência, observação e até contágio emocional que se rouba nos pesos, se encurtam ou esticam os metros, as milhas ou o que seja que esteja padronizado e acessível. " Isabel Leal in DN

1 comentário:

Canto Turdus Merula disse...

Uma esperteza, bem arreigada, que preenche magistralmente o pulsar contínuo dos dias.

Esta suprema sagacidade endémica e naturalmente endógena a que confunde-se propositadamente com a inclinação para uma peculiar tendência da qualidade do improviso, que, quase sempre, não é mais do que apologia da iniciativa aos oportunismos, a astúcia em tirar partido das circunstâncias, engenho de manipular a ocasião em proveito próprio.

Uma espécie de receita, pronta a consumir sem preâmbulos aborrecidos, com articulados de associações absolutamente imediatas e simplistas. Neste caso muito ao sabor do bom estilo na nossa cultura moderna, não só self-service mas também na recente proclamada cultura pró imaginativa e criativa.

Claro que me refiro a uma das suas melhores qualidades, a mania de demonstrar, a torto e a direito, os grandes dotes fantasiosos do capricho pela eterna improvisação com pendor para arrogância melodramática de apanágio de tudo saber por meio desta "ciência de súbita imaginação criativa".

Tem sido uma boa receita com enorme sucesso, pelo menos para alguns, e se não fosse assim (só para alguns) como se poderia por em prática com tanto afinco persistente e continuamente a receita do desenrascar.

Aqui posso juntar a abordagem vista, com grande discernimento, por José Gil em Portugal, Hoje. O medo de existir; como também em Em Busca da Identidade: o Desnorte

Muito pessoalmente não vejo por se improvisar seja algo redutor no qual não se pode ter qualquer apreço. O que não entendo é que o improvisar sirva como teoria e método para tudo (ou para nada). Como se tratasse uma teoria eficiente e simples baseada no capricho da fantasia em engendrar ideias desenvoltas aplicando-as à prática associando-se a uma auto manifestação de prazer por dispensarmos o exercício do intelecto.
Aliás muitos saberão, melhor do que eu, que improvisar faz-se por meio de enorme imaginação que se coloca no fazer mas ela é fortalecida quando se dá valor ao conhecimento, ao saber e um valor muito especial (mas não absurdo) à liberdade.

Excerto de um texto sobre o improviso (o desenrascar)
Canto Turdus Merula